domingo, 30 de novembro de 2014

Pinceladas de Cibercultura



Ler sempre é muito bom, mas algumas obras lhe provocam significativas reflexões. Em Cibercultura (Lévy, 1999) três aspectos me chamam a atenção e compartilho-os com vocês. São minhas abstrações – espero que lhes sejam úteis e apreciem.
Inicialmente, é pertinente destacar que a obra referenciada objetiva pensar a cibercultura. Neste contexto, o autor opta por uma abordagem otimista, na qual reconhece que a Internet não resolverá todos os problemas sociais e culturais da humanidade, mas considera fundamental a compreensão de que o crescimento do ciberespaço decorre de um movimento internacional de jovens desejosos em romper com as mídias tradicionais indo ao encontro, coletivamente, de formas diferentes de se comunicarem, bem como o entendimento de que a sociedade estar vivenciando um novo espaço de comunicação, cabendo-nos identificar as suas potencialidades para a melhoria das dimensões sociais, políticas econômicas e humanas.
Na leitura do texto, minhas reflexões iniciais destacam:
a) a dificuldade por parte da sociedade ou de segmentos da sociedade em acolher novos paradigmas, conforme se observa em relação à cibercultura. Historicamente, fatos idênticos ocorreram quando do surgimento do Rock, nos anos 50 e 60; da música pop dos anos 70 e; da sétima arte – o cinema. Esses fenômenos, foram alvos de fortes preconceitos (posteriormente, superados) e se expandiram para além muros; juntos ou isoladamente, não se constituíram panaceia do mundo, mas ofereceram grandes contribuições sociais, reconhecidas, bastante reconhecidas na atualidade. A industrialização pela qual estas expressões sociais e artísticas passaram não lhes tirou méritos, benefícios e possibilidades. Certamente, assim está acontecendo com o ciberespaço e a cibercultura.
b) o segundo ponto de contemplação refere-se a nossa responsabilidade quanto às escolhas. O autor ressalta que nem tudo que está nas redes, no ciberespaço é bom, assim como nem todo filme ou toda música é boa. A responsabilidade pelas escolhas pode nos permitir assumir uma postura aberta quanto às novidades, compreende-las, reconhecer as mudanças qualitativas que podem advir e o ambiente inédito resultante da extensão das novas redes de comunicação para a vida social e cultural, bem como o uso das novas tecnologias numa perspectiva humanista.
Ainda neste contexto, cumpre-nos o papel de dar sentido ao que se encontra na rede, um verdadeiro “dilúvio” de informações que não pode ser contido, disponibilizado por meio de redes sociais como facebook e linkedin (ferramentas de interação social), Google e YouTube (ferramenta de pesquisa) etc. Portanto, é necessário que desenvolvamos a competência de filtrar, selecionar, dar significado ao que tem na rede, hierarquizando em convergência com as demandas pessoais, grupais ou corporativas.
c) a terceira reflexão que tomo, refere-se ao inexorável aspecto comercial em larga proporção que tomou o ciberespaço. O autor declara que a exploração econômica da Internet ou o fato de nem todos terem acesso a ela, não justifica posicionamento de condenação a cibercultura. Constata que há cada vez mais serviços pagos, assim como cresce significativamente os serviços gratuitos de todas as partes, sob diferentes formatos e em diversas áreas. Observa-se que o comércio, assim como a dinâmica libertária e comunitária que caracterizam o crescimento da internet, são complementares e impulsionam o seu desenvolvimento. Compreende a seriedade do aspecto da exclusão social presente neste ciberespaço, todavia diz que não deve ser motivo para o não reconhecimento das implicações culturais da cibercultura em suas diversas dimensões. Alerta que não são os pobres que se opõem a Internet e sim aqueles que têm os seus privilégios ameaçados pelos novos tipos de comunicação.

Sabe-se que nas últimas décadas, a cibercultura caracteriza as relações acadêmicas, profissionais e pessoais. Diversas ferramentas favorecem a comunicação entre as pessoas, grupos e organizações, formais ou informais. No texto em estudo, o autor cita tecnologias que emergem e que caracterizam as formas crescentes de comunicação digital, entre as quais estão destacadas a seguir:
 1- O Correio Eletrônico (e-mail) amplamente usado para a troca de mensagens digitais on-line entre pessoas ou corporações; nas corporações, as mensagens podem inclusive ser previamente programadas e transmitidas por softwares específicos, o que é muito usado no setor comercial. O Correio Eletrônico mudou radicalmente a forma de comunicação nas organizações, imprimindo mais rapidez e transparência; reduzindo a circulação de papéis e; ampliando a capacidade de comunicação, envio e recepção de arquivos por meio de Internet. De forma simplificada, por não mais demandar grandes equipamentos, o Correio Eletrônico hoje está bastante presente e acessível por meio dos aparelhos eletrônicos móveis. Ao longo do texto o autor detalha esta modalidade de comunicação digital, o que se justifica considerando que o lançamento da obra ocorreu na década de noventa.
  2- Na sequência o autor destaca as Conferências Eletrônicas, ferramenta que possibilita a determinados grupos de pessoas debaterem assuntos de interesse, para isto requerendo disponibilização de Internet. Nesta modalidade de comunicação, os participantes podem se colocar como ouvintes ou estabelecerem comunicação entre si. Igualmente, as Conferências Eletrônicas podem ser usadas por organizações para tratar sobre temas diversos, reunindo on-line gestores ou funcionários que se encontrem em lugares diferentes, por meio de link, disponibilizado com antecedência.
3- A Intranet também é citada pelo autor como uma ferramenta usada no setor produtivo, visando a organização interna das empresas; usa dispositivos para correspondência, colaboração, compartilhamento de memória e de documentos compatíveis com a rede externa. A Intranet incrementa a comunicação interna, integra departamentos e promove transparência.
 
No percurso desta obra, o autor aborda as implicações culturais do desenvolvimento das tecnologias digitais de informação e comunicação, estando cheia de ótimas oportunidades para pensarmos sobre pessoas e distâncias presentes nesta sociedade em rede.

Leideana Bacurau




Atuar na educação a distância nos faz pensar sobre pessoas e distâncias neste mundo contemporâneo. Faz-nos entender que há muita relatividade intrínseca a tais conceitos, neste tempo de  novas tecnologias de informação e comunicação - TICs.
Há algumas décadas, Richard Bach, deliciosa e poeticamente, disse em seu livro “Longe é um lugar que não existe, que estamos onde o nosso coração está, colocando tempo e distância como atemporais.
Hoje, com as TICs tão presentes, a sociedades em rede, passamos a entender que já não é figura metafórica, de fato longe é um lugar que não existe. Pessoas, pesquisas e nacionalidades se encontram, se falam e interagem sobre assuntos fúteis ou magnânimos em segundos.
Desejamos que este espaço proporcione a circulação de pensamentos, descobertas, estudos ou simples reflexões sobre pessoas e distâncias no novo mundo da web, da internet. Que possa atrair pessoas presentes na labuta da educação a distância e com as suas práxis contribuir.